A RockCine conferiu o filme com direção de Jodie Foster e faz uma análise para você ver ou não
Jogo do dinheiro
Ajudando a quebrar o ritmo da mais recente sucessão de filmes de ação sem muito conteúdo, está “Jogo do Dinheiro”, que começou a chamar a atenção no Festival de Cannes, onde Jodie Foster aproveitou para comemorar quarenta anos de sua primeira ida ao mais charmoso dos festivais de cinema para o lançamento de “Taxi Driver”, de Martin Scorsese. Em 1976, com catorze anos, era a atriz principal, agora, foi como diretora de um filme ousado, que não se enquadra facilmente em nenhum gênero.
A maior parte da história se passa num estúdio de TV e é vista através das câmeras da emissora. George Clooney é o grotesco apresentador de um programa econômico-financeiro que há muito desistiu de qualquer seriedade jornalística. Um show, cheio de gracinhas e palhaçadas que segura a audiência por causa das dicas de bons negócios no mercado de ações.
Lee Gates (Clooney) vive improvisando, fugindo do roteiro e ignorando as instruções da direção porque se considera o grande mago da antecipação dos movimentos da bolsa. Por causa dessas coisas, entre outras, a diretora do programa, vivida por Julia Roberts, está trocando de emprego. Mas tudo muda quando um rapaz invade o estúdio armado e o apresentador se torna seu refém.
O lado humano vai surgindo. Todo o brilho, artificialismo e falsidade televisivos se esvaem, enquanto as pessoas encontram seus limites. Há muita tensão, diante de uma tragédia anunciada pelo acúmulo de policiais e atiradores de elite. Mas o bom humor não é abandonado em nenhum momento, num roteiro que não tem a pretensão de mostrar verdades absolutas ou ser encarado como lição de moral ou exemplo a ser seguido.
O lado mais corajoso do filme mostra o egoísmo, a alienação e o isolamento do público de TV, portanto, a quase totalidade do povo norte-americano (no mínimo nas grandes cidades). Ficam evidentes também os métodos usados pela televisão, que para manter a audiência trata ficção como realidade e jornalismo como show.
Quando o programa sai do ar, todos voltam a seus afazeres e universos particulares, esquecendo horas de transmissão ao vivo, que só interessaram como entretenimento, ainda que retratassem fatos reais.